terça-feira, abril 11

As derrapagens

Amigos:

As derrapagens tão habituais neste jardim á beira mar plantado, também têm repercursões na construção deste blog. Derrapagens de "know how" no que concerne aos conhecimentos necessários para um canto acolhedor, mas que tenho espererança possam ser ultrapassados a breve trecho.
Para de certo modo ,amenizar a aridez deste espaço, permitam-me a reprodução de um poema de Sophia de Mello Breyner, actual, e até quando:

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: é fazer frente
Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método oblíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro
No instante em que morreste
E a busca da justiça continua
Uma Páscoa Feliz para todos, e que possamos pensar um pouco no que o poema acima nos pode transmitir.
Até um destes dias
11 de Abril de 2006

2 comentários:

Luz Dourada disse...

Lindo poema, escolha própria de um dragão (ser mítico), com grande sensibilidade.
Beijinho,

Passaro Azul disse...

Ao voar sobre este espaço tão acolhedor e ao deparar-me com a maravilhosa escolha deste poema da grandiosa Sophia de Mello Breyner, resta-me dizer-lhe que o admiro ainda mais,pela magnitude da sua alma queaqui se revela tão sensivel e atenta aos problemas humanos.
Bem-haja pela partilha.
Abraço-o com as minhas asas de pássaro azul prometendo voltar a voar por aqui mais vezes.
Um beijo e um sorriso.